O CURRÍCULO: OS CONTEÚDOS DO ENSINO OU UMA ANÁLISE PRÁTICA?
Em acusação à escola tradicional, que visava o conteúdo como sendo seu principal objetivo a reprodução da cultura científica no ensino, bem como observação e mediação, tendo a preocupação técnica de conseguir métodos válidos para a transmissão do conhecimento. Afinal, tinha um objetivo, porém, obrigava a trabalhar os conteúdos de outra maneira. Surgem então, os movimentos progressistas que em nome de valorizar os objetivos, diminuíram a importância dos conteúdos, separando-os da Ciência, causando a fragmentação dos estudos.
Cabe ao ensino, perseguir o equilíbrio entre essas duas vertentes, buscando levar um ensino de qualidade que por um lado aprofunde os conhecimentos científicos, por outro seja significativo aos alunos, de modo que possam aplicar o conhecimento adquirido “não fragmentado” ao seu dia a dia que é o todo.
Para que o ensino seja significativo, não basta que as editoras e diversos agentes externos à realidade escolar sejam os únicos a determinar o que será ensinado, pelo contrário professores e alunos devem estar autorizados a tomar essas decisões, afinal, são eles os sujeitos que ensinam e aprendem. Embora, o que tem acontecido seja o contrário, os conteúdos são decididos muito distantes deles, cabendo apenas a engolir o que dizem “já estar mastigado”.
Existe todo um fundo político por trás desses conteúdos, como já dizia Freire “não existe neutralidade no ato de ensinar”, e conforme Durkheim “a escola é o aparelho ideológico do estado”.
Para alguns se ensina a pensar e para outros se ensina a trabalhar para os que pensam. (Mark).
Existe uma ideologia de que para o povo, basta saber contar e decodificar, afinal, povo que pensa, dá trabalho. Já desde os tempos dos Jesuítas, as formas legítimas de conhecimento eram privilégios apenas dos ricos, cabendo aos pobres a educação mais elementar possível.
Enquanto os educadores não mudarem suas práticas e seus discursos, dificilmente essa decisão de mutilar o conhecimento do povo poderá ser transformada. Os educadores precisam ter o mesmo profissionalismo da escola particular, quando entram na pública e de periferia, ele precisa se conscientizar que é ali que precisa ser bom, que esses alunos precisam muito mais de conhecimento que se supunha o programa curricular, que muitas das vezes só falta rotulá-los de ignorantes.
Como educadores, precisamos acreditar que a educação pode e será transformada “de baixo para cima”; pois é no chão de sala de aula que as coisas realmente acontecem, não deixando de reivindicar as melhorias, uma vez que se em grande parte depende do nosso trabalho, grande parte ainda de investimentos financeiros, valorização profissional e etc.
Enquanto agentes de transformação, ao invés de transmitir a cultura conforme os livros didáticos orientam, os professores devem ser críticos e assim desenvolver a criticidade em seus alunos, que já não aceitam tudo o que lhe é imposto, antes, são capazes de analisar e tomar novas decisões.
A própria fragmentação do saber em áreas de conhecimentos, tem como fim dificultar a análise do todo e a tomada de decisão; sendo assim, cabe ao professor organizar a sequência dos conteúdos de forma que os alunos sejam capazes de fazer pontes entre o que já sabem e o novo. Entra aí, a importância da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade, ou até mesmo com projetos que buscam desfazer a fragmentação sofrida pelo ensino escolar.
Quando o ensino deixar de ser tão fragmentado, os recursos utilizados serão de menor importância, desde um quadro-negro até a mais recente tecnologia de projetores, estarão voltados para o ser que é humano e que suas necessidades estão acima de qualquer metodologias.
terça-feira, 17 de março de 2009
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